Gurdjieff Teaching

Iniciação

Essa é a Parte IV do documentário completo sobre George Gurdjieff. Essa parte ainda está em produção e está agendada para ser publicada em 2022/24.

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Parte IV: Iniciação

[PETER OUSPENSKY] “NADA DE NOVO APARECEU EM NÓS…

Gurdjieff at Entry to Chateau

Gurdjieff no Chateau Prieuré

E se Gurdjieff havia começado a trabalhar conosco tal como éramos, então por que ele estava parando agora?”i

[GLADYS ALEXANDER] “A programação das disciplinas a serem ensinadas no Instituto estava adormecida, nem aqueles que buscavam a saúde encontraram a cura que esperavam, ou que talvez acreditavam.”ii

[CHARLES NOTT] “Orage e eu ambos achávamos que Gurdjieff poderia ter explicado mais. E nós dois sofremos muito internamente por vezes e sentíamos perplexos e frustrados, como se tivéssemos sido deixados… no ar…”iii

 

Forma-se agora uma fenda entre professor e alunos, onde eles esperam receber mais antes de poderem dar o próximo passo, enquanto ele espera que eles já tenham aprendido a caminhar com as próprias pernas.

[GURDJIEFF] ” Eu decidi fechar o Instituto por vários motivos. Em primeiro lugar, existem muito poucas pessoas que compreendem. Eu dei toda a minha vida pelo meu Trabalho, mas o resultado de outras pessoas em geral não foi bom e é por isso que eu acho que não é necessário para aqueles poucos sacrificarem suas vidas aqui.”iv

[JOHN BENNETT] “Gurdjieff explicou que as mudanças mais profundas que esperávamos não poderiam ser provocadas pela ação de uma terceira pessoa, mas deveriam ser o resultado do sofrimento e sacrifícios da própria pessoa”ii

Gurdjieff at Entry to Chateau

Gurdjieff no Chateau Prieuré

De Hartmanns at Chateau

Os De Hartmanns no Chateau Prieuré

De Hartmanns at Chateau

Os De Hartmanns no Chateau Prieuré

Seekers of Truth seeking Sarmoung

A Iniciação de Gurdjieff

[GURDJIEFF] “A ideia de iniciação, que nos chega através de sistemas pseudo-esotéricos, é transmitida de forma completamente errada… As transições de um nível de ser para outro eram marcadas por cerimônias de iniciação. Mas uma mudança de ser não pode ser provocada por quaisquer ritos… Não há, nem pode haver, qualquer iniciação externa… Sistemas e escolas podem indicar métodos e formas, mas nenhum sistema ou escola pode fazer por um homem o trabalho que ele mesmo deve fazer…”i

O que sabemos sobre a iniciação do próprio Gurdjieff?

Sabemos que ele viajou extensivamente. Sabemos que ele havia se tornado intimamente familiarizado com o Budismo, Sufismo e Cristianismo, provavelmente por ter ingressado em monastérios dessas ordens. E então há a conexão elusiva com o Sarmoung.

Seekers of Truth seeking Sarmoung
Seekers of Truth seeking Sarmoung
Seekers of Truth seeking Sarmoung

A Irmandade Sarmoung

Os Buscadores da Verdade tropeçam em rumores de uma irmandade fundada na Babilônia em 2500 AC chamada Sarmoung. A irmandade supostamente continuou suas atividades na Mesopotâmia ininterruptamente até o século VII DC. Acreditava-se ter possuído as chaves de muitos mistérios secretos. Em um ponto ulterior em sua busca, os Buscadores descobrem evidências de que a Sarmoung ainda poderia existir. Eles se determinam a encontrá-la.

Gurdjieff não encontra a Sarmoung; a Sarmoung encontra ele. Um representante da ordem chega a Bukhara com aparente conhecimento prévio de Gurdjieff, como se a Sarmoung estivesse monitorando sua busca. Com os olhos vendados, e sob juramento de sigilo, Gurdjieff e outro membro dos Buscadores da Verdade são levados em uma jornada de poucos dias e admitidos ao monastério principal. Lá, eles são surpreendidos ao encontrarem um terceiro membro do seu grupo, trazido pela Sarmoung de forma independente.

Gurdjieff no Principal Monastério Sarmoung

[GURDJIEFF] “O xeque do monastério apontou como nosso guia um dos monges mais velhos… Depois disso, entramos na vida do monastério, tivemos acesso permitido a quase todos os lugares, e começamos gradualmente a descobrir todas as coisas.” v

Gurdjieff relata ter passado três meses no monastério principal da Sarmoung. Ele é gradualmente admitido dos pátios externos para os internos e fica exposto aos seus mistérios. Em seu pátio mais interno, ele testemunha danças sagradas de um nível notável. São mostrados a ele alguns dispositivos muito antigos projetados para ajudar a treinar dançarinos para executar essas danças.

Mas ele não menciona ser ‘iniciado’ durante esta visita ao Monastério, nem em qualquer outro monastério. Ao invés disso, as iniciações de Gurdjieff acontecem sozinhas, geralmente em momentos de grande turbulência interna, à beira do desespero, quando forçado a fazer um esforço especial para reconciliar as contradições em si mesmo.

A Epifania de Gurdjieff

 

Sabemos isto pelos relatos autobiográficos de Gurdjieff, o mais pungente dos quais é apresentado no seu livro, ‘A Vida Só é Real Quando Eu Sou’. Depois de ter sido ferido por uma bala perdida, ele passa um longo período de convalescença refletindo sobre os seus esforços para aplicar o que tinha aprendido com as suas buscas até agora, e fica profundamente desapontado.

[GURDJIEFF] “Apesar de todos os meus desejos e iniciativas, não consegui sucesso em lembrar de mim mesmo… nem mesmo o suficiente para impedir as associações de fluírem em mim.”vi

 

Ele havia estabelecido a importância da lembrança de si. Mas até agora ele tem sucesso limitado em alcançá-la. E então ocorre uma nova ideia para ele. Ele percebe que, para se lembrar de si mesmo sempre e em todo lugar, deve criar um despertador que o lembrará sempre e em todo lugar. E ele percebe que tal despertador só pode ser criado por meio de sacrifício. Se ele sacrificasse um elemento profundo em sua psicologia para que sua ausência fosse constantemente sentida, isso poderia servir como um lembrete permanente.

[GURDJIEFF] “Surge a pergunta: O que está contido na minha presença em geral que, se eu removesse de mim, sempre iria… estar me lembrando disso?”vi

 

Esse autoquestionamento acontece sozinho. Não tem professor instruindo isso, nenhum ancião apontando a identificação principal de Gurdjieff, nenhum praticante experiente sugerindo que ele sacrifique-a em benefício da lembrança de si mesmo. Nenhuma audiência. Nenhuma cerimônia de iniciação. Nenhum reconhecimento externo. Neste ponto de sua busca, Gurdjieff tem que ser seu próprio professor. Ele tem que usar o autoconhecimento que adquiriu até então para delinear sua fraqueza principal e a raiz de sua falsidade. Então ele tem que decidir sacrificá-la. Todo o seu trabalho culminou neste ponto, e assim é, de fato, um momento de coroação; uma iniciação.

[GURDJIEFF] “Pensando e pensando, cheguei à conclusão de que se eu parasse intencionalmente de utilizar meu poder excepcional… de telepatia e hipnotismo… então, sem dúvida, sempre e em tudo a sua ausência seria sentida.”vi

Gurdjieff as a Professional Hypnotist

Gurdjieff como um Hipnotizador Profissional (1908-1910?)

Poderes Psíquicos de Gurdjieff

 

Os poderes psíquicos de Gurdjieff, que parecem ter sido uma tendência latente nele desde a infância, e que ele aguçou e desenvolveu ao longo de suas viagens, formaram uma grande parte de seu carisma e magnetismo, aquela impressão notável relatada por tantos que o conheceram pela primeira vez.

[RENE ZUBER] “Emanava do Sr Gurdjieff tamanha impressão de força calma que até os animais sentiam…”vii

[ELIZABETH BENNETT] “Sua aparência era absolutamente extraordinária. Nunca tinha visto ninguém assim.”viii

[PAMELA TRAVERS] “Sua mera presença emitia energia…”ix

[RINA HANDS] “Seus olhos eram cheios de vida e ele parecia olhar diretamente para mim com uma expressão de doçura extraordinária…”

 

Agora Gurdjieff percebe que os seus poderes psíquicos são um falso esclarecimento; uma porta que abre para um nível mas impede a entrada para o nível seguinte. Ao jurar desistir desses poderes, ele inicia uma luta interior. Por um lado, toda situação naturalmente convidará seu uso. Por outro lado, o voto de evitá-los irá conter esse impulso. Gurdjieff, consequentemente, assume um constante puxar em direções opostas, uma agitação que gera o fator de lembrança permanente que faltava para a lembrança de si mesmo.

[GURDJIEFF] “Assim que percebi o sentido dessa ideia, fiquei como se reencarnado; me levantei e comecei a correr em volta… sem saber o que estava fazendo, como um bezerro novo. Tudo acabou de tal forma que decidi fazer um juramento… de nunca mais fazer uso desta minha propriedade.”vi

Tal sacrifício irá divergir de uma pessoa para outra, mas o princípio geral deve permanecer o mesmo e é retratado em uma escala colossal no Templo de Angkor Wat. A cena da agitação é retratada em uma parede que divide o primeiro e o segundo pátios, servindo como um porta pela qual se pode fazer a transição do círculo exterior para o interior.

Você poderia imaginar cerimônias de iniciação séculos atrás, onde um iniciado desfilaria do primeiro ao segundo pátio através de uma passagem cercada com tochas flamejantes, ao som de tambores e cânticos. Mas não há nada cerimonioso na epifania de Gurdjieff. Ele está sozinho, convalescendo, aparentemente sob grande dor física e emocional.

Isso nos traz de volta à misteriosa Sarmoung. Pela descrição de Gurdjieff, seu monastério principal é estabelecido na forma de quatro pátios concêntricos, assim como Angkor Wat. É possível que sua visita a esta elusiva irmandade seja alegórica? Que a penetração de Gurdjieff em seu local mais sagrado seja sua maneira de transmitir a conclusão de sua pesquisa simbolicamente, internamente?

Gurdjieff as a Professional Hypnotist

Gurdjieff como um Hipnotizador Profissional (1908-1910?)

Gurdjieff in Kashgar

Gurdjieff em Kashgar (Início de 1900)

O Mensageiro Ofuscando a Mensagem

Seja como for, se existe apenas auto-iniciação, e se as iniciações de Gurdjieff sempre acontecem sozinhas, então o que seus alunos poderiam esperar do Prieuré? Ele fez todo esforço para organizar situações externas conducentes à luta interior. Ele só poderia abrir a porta; seus estudantes teriam que adentrar por si mesmos. O carisma de Gurdjieff agora se transforma em seu oposto. Os alunos formaram uma dependência de seu professor que deve primeiro ser superada se eles esperam alcançar a verdadeira iniciação.

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FONTES

  1. Em Busca do Milagroso por Peter Deminaovich Ouspensky
  2. Gurdjieff: Construindo um Novo Mundo por John Godolphin Bennett (tradução livre)
  3. Ensinamentos de Gurdjieff: Diário de um Estudante por Charles Stanley Nott (tradução livre)
  4. Nossa vida com Sr. Gurdjieff por Thomas e Olga de Hartmann (tradução livre)
  5. Encontros com Homens Notáveis por George Ivanovich Gurdjieff
  6. A Vida Só é Real Quando “Eu Sou” por George Gurdjieff
  7. Quem é você, Senhor Gurdjieff? por René Zuber (tradução livre)
  8. Minha Vida: J.G. Bennett e G.I. Gurdjieff: Um Livro de Memórias por Elizabeth Bennett (tradução livre)
  9. P. L. Travers em uma entrevista ao New York Times
Gurdjieff in Kashgar

Gurdjieff em Kashgar (Início de 1900)

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Continue Lendo:

Parte I:

Gurdjieff

I

Parte II:

Ensinamentos

I

Parte III:

Escola

I

Parte V:

Quarto Caminho

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