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Essa é a Parte III do documentário completo sobre George Gurdjieff. Essa parte ainda está em produção e está agendada para ser publicada durante 2022/24.

A Escola de Gurdjieff

Buscador

da

Verdade

Parte III: A Escola 
As inquietações sociais impedem Gurdjieff de formalizar seu trabalho…

Parte I:

Gurdjieff

I

Parte II:

Ensinamentos

I

Parte IV:

Iniciacao

l

Parte V:

Quarto Caminho

l

Parte III: A Escola

As inquietações sociais impedem Gurdjieff de formalizar seu trabalho…

Gurdjieff's School during the Russian Civil War

Guerra Civil Russa (1917 – 1923)

Prospectus of Gurdjieff's School

Prospectus for Gurdjieff’s Institute in Tiflis

Navegar através da Revolução Russa e da guerra civil consome todos os seus recursos. Para permanecer longe de perigo, Gurdjieff migra de um lugar para outro, levando com ele sua família e seguidores.

O Instituto de Gurdjieff para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem

Tentantivas informais de Gurdjieff para estabelecer uma Escola

 

Em 1919 ele faz sua primeira tentativa de estabelecer uma escola em Tiflis, Geórgia, sob o título de Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem.  Para despertar o interesse local, um panfleto foi colocado em circulação com a seguinte informação:

Com a permissão do Ministro Nacional da Educação, o Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem, baseado no sistema de George Ivanovich Gurdjieff, está sendo aberto em Tiflis. O Instituto aceita crianças e adultos de ambos os sexos. Estudos ocorrerão pela manhã e à noite. As matérias de estudo são: ginásticas de todos os tipos (rítmica, medicinal, e outras). Exercícios para o desenvolvimento da vontade, memória, atenção, audição, pensamento, emoção, instinto, e assim por diante.i

[PETER OUSPENSKY] ” À isso foi adicionado que o sistema de Gurdjieff já estava em funcionamento em Bombaim, Alexandria, Kabul, Nova Iorque, Chicago, Copenhague, Estocolmo, Moscou e Essentuki. No final do folheto, em uma lista de ‘professores especialistas’ do Instituto, encontrei meu próprio nome.”i

Gurdjieff's School during the Russian Civil War

Guerra Civil Russa (1917 – 1923)

Gurdjieff's School affected by War

Revolta de Outubro (1917)

Estudantes Começam a Nutrir Dúvidas

 

A maioria dos movimentos de Gurdjieff surpreendem seus estudantes. Desde o início, suas manobras são realizadas ou para chocá-los ou guiadas por considerações incompreensíveis para eles. No caso do Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem, Gurdjieff exagera sua apresentação em um tom comercial que, na cabeça de muitos dos seus seguidores, é injustificável. As ideias e métodos deveriam falar por si próprios. Percebendo isso, rachaduras começam a se formar entre ele e alguns dos seguidores, mais significativamente Ouspensky, que continuará a se distanciar e eventualmente a se separar de Gurdjieff para estabelecer grupos independentes em Londres.

[PETER OUSPENSKY] “Gurdjieff foi claramente obrigado a estabelecer algum tipo de forma exterior para o seu trabalho, levando em consideração as condições externas, [mas] eu não estava muito entusiasmado sobre o programa do Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem… cuja forma externa era algo na natureza de uma caricatura. “i

Prospectus of Gurdjieff's School

Folheto para o Instituto do Gurdjieff em Tiflis

Gurdjieff and Ouspensky Circa 1915

Gurdjieff e Ouspensky, cerca de 1915

Gurdjieff's School affected by War

Revolta de Outubro (1917)

Gurdjieff and Ouspensky Circa 1915

Gurdjieff e Ouspensky, cerca de 1915

TIFLIS, GEÓRGIA
Localização do Primeiro Instituto de Gurdjieff

Métodos da Escola de Gurdjieff

Gurdjieff Teaching Temple Dance

Dançarinas do Templo, Bayon, Cambodia

Gurdjieff Teaching Initiation of Priestess

Iniciação de uma Sacerdotisa (de uma demonstração dos alunos de Gurdjieff no Theatre des Champs-Elysees, Dezembro de 1923)

Especialidade do Professor

[GURDJIEFF] “Não há escolas gerais; há apenas escolas especiais. Cada professor, ou guru, é um especialista em algo. Um é um astrônomo, outro um escultor, um terceiro um músico. E todos os pupilos de cada professor devem, antes de tudo, estudar o assunto no qual ele se especializou.”i

Uma das especialidades de Gurdjieff era a dança sagrada. Em seu relato autobiográfico de suas viagens, no livro Encontro com Homens Notáveis, ele menciona um interesse especial nas danças de diferentes destinos durante seu período de pesquisa de duas décadas.

Muitos templos antigos, especialmente aqueles do Oriente, incorporavam danças sagradas em suas rotinas. As danças eram geralmente realizadas por garotas que se dedicavam desde muito jovens ao templo e treinadas especificamente para esses propósitos. Os movimentos traziam à vida as, de outra forma, estáticas e inanimadas esculturas e pinturas do templo. Nos templos Hindus, por exemplo, quase todas as principais histórias eram transmitidas através de danças indianas, e em muitos dos templos remanescentes ainda podemos encontrar esculturas e relevos de dançarinos congelados nessas posturas.

Quando Gurdjieff anuncia inicialmente seu trabalho na Rússia em 1914, ele anuncia na forma de um balé chamado A Luta dos Magos. No verão de 1916, durante o encontro na Finlândia, Gurdjieff mostra a seus pupilos certas posturas e movimentos físicos. Mas é apenas em 1919, quando o designer de palco Alexander Salzmann e sua esposa, a professora de dança Jeanne Salzmann se juntam a ele, é que ele é capaz de propriamente executar essas ambições.

Uma escola deve ter uma forma exterior. Você tem que reunir os estudantes sob a cobertura de uma certa tarefa externa. Somente então o trabalho passa da teoria à prática. A especialidade do professor serve com uma embarcação para isso. Através dela, os estudantes podem interagir, suas características trazidas à tona e eles podem ser estimulados além de suas zonas de conforto até novos níveis.

Gurdjieff Teaching Temple Dance

Dançarinas do Templo, Bayon, Cambodia

Gurdjieff Teaching Temple Dance

Dervixes Rodopiantes, Constantinopol

Gurdjieff Teaching Initiation of Priestess

Iniciação de uma Sacerdotisa (de uma demonstração dos alunos de Gurdjieff no Theatre des Champs-Elysees, Dezembro de 1923)

Gurdjieff Teaching Temple Dance

Dervixes Rodopiantes, Constantinopol

Gurdjieff sobre a Fraqueza Principal

[GURDJIEFF] “O método do instituto é subjetivo, ou seja, ele depende das peculiaridades individuais de cada pessoa. Há apenas uma regra geral que pode ser aplicada a todos: a auto-observação.”ii

[THOMAS DE HARTMANN] “O Senhor Gurdjieff nos falou que era absolutamente essencial para cada um de nós ver seu defeito principal, aquele em torno do qual giram todos os nossos estúpidos, cômicos, defeitos secundários.”iii

[GURDJIEFF] “Todo homem tem um certo traço em seu caráter em torno do qual toda sua “falsa personalidade” gira. Um homem não consegue descobrir seu defeito principal por si mesmo. Isso é praticamente uma lei. O professor tem que apontar esse traço para ele e mostrar como lutar contra ele… Todo trabalho pessoal de um homem então consiste em lutar contra esse defeito principal.”i

[PETER OUSPENSKY] “Gurdjieff era muito engenhoso na definição dos traços… Quando alguém discordava da definição de seu traço principal dada pelo Gurdjieff, ele sempre dizia que o fato da pessoa discordar dele mostrava que ele estava certo.”i

[GURDJIEFF] “A luta contra seu defeito principal é a parte mais importante do trabalho, e deve proceder em ações, não em palavras. Para esse propósito, o professor dá tarefas definidas que requerem, a fim de realizá-las, a conquista do seu traço principal. Quando um homem leva a cabo essas tarefas, ele luta consigo mesmo, trabalha em si mesmo. Se ele evita as tarefas, tenta não levá-las a cabo, isso significa que ou ele não quer ou não consegue trabalhar.”i

Em 1921 Gurdjieff encerra seu instituto e se muda para Alemanha. Em 1922 ele visita a Inglaterra. Aqui, Ouspensky já havia gerado interesse pelo trabalho e, apesar de suas reservas pessoais com os métodos de Gurdjieff, parece haver um potencial para colaboração. Mas o governo britânico nega residência para Gurdjieff. No mesmo ano, ele se muda para França e compra um Château em Avon, perto de Fontainebleau. Aqui, Gurdjieff terá sua melhor chance de formalizar suas atividades na Europa.

Gurdjieff Estabelece o Chateau Prieuré

Anna Butkovsky Hewitt (Student of Gurdjieff)

Chateau Prieure

Gurdjieff School - Chateau Prieure 01
Gurdjieff School - Chateau Prieure 03

Se, de fato, Gurdjieff tinha a intenção de estabelecer uma escola no ocidente, então, até agora, guerras e revoluções foram limitações objetivas. A aquisição do Château no final de 1922 agora remove qualquer desculpa.

[THOMAS DE HARTMANN] “A casa era uma mansão remodelada do século XVII ou XVIII que havia sido um monastério de párocos, por isso foi chamada de Prieuré.”iii

O chateau está em ruínas. Sua restauração agora se torna o foco de Gurdjieff e seus seguidores.

[CHARLES NOTT] “Nossa vida diária seguia uma rotina que frequentemente mudava. O sino de despertar soava da torre às 6:30. O café da manhã consistia em grandes pedaços de pão tostado com café; depois vinha o trabalho nos jardins, ou na floresta, ou na casa.”iv

[THOMAS DE HARTMANN] “O Sr. Gurdjieff sabia como distribuir trabalho entre as pessoas de tal forma que nenhum momento era desperdiçado. “iii

[GLADYS ALEXANDER] “A vida era estimulada a um ritmo altamente acelerado. Variava de uma labuta pesada em uma antiquada cozinha e copa, ao trabalho da casa e da lavanderia, das flores e hortas, ao cuidado dos cavalos, carroça de burros, ovelhas, cabras, vacas e bezerros, galinhas, porcos e cachorros.””v

[CHARLES NOTT] “Havia um intervalo do meio-dia e meia às duas para o almoço. Chá era às quatro e o jantar às seis e meia; movimentos e danças seguiam até às dez ou onze. Durante o dia, o Sr Gurdjieff dava discursos gerais e conversas pessoais a pupilos individuais.”vi

[JOHN BENNETT] “As palestras de Gurdjieff, que eram ministradas em momentos inesperados, eram para a maioria de nós os pontos altos da vida no Prieuré…”v

Anna Butkovsky Hewitt (Student of Gurdjieff)

Chateau Prieure

Gurdjieff School - Institute Plaque

Sobre Imortalidade

 

Em uma ocasião, alguém perguntou se a vida após a morte existia.

[GURDJIEFF] “Para conseguir falar sobre qualquer tipo de vida futura, deve haver uma certa cristalização, uma certa fusão das qualidades interiores do homem, uma certa independência de influências externas. Se há algo no homem capaz de resistir às influências externas, então essa mesma coisa será capaz de resistir à morte do corpo físico.”i

A Luta entre ‘Sim’ e ‘Não’

 

[GURDJIEFF] “Todos… os caminhos para imortalidade podem ser divididos em três categorias:

1. O caminho do faquir.
2. O caminho do monge.
3. O caminho do yogi.i

O caminho do faquir é o caminho da luta com o corpo físico… O caminho do monge… é o caminho do sentimento religioso, do sacrifício religioso… O caminho do iogue… é o caminho do conhecimento, o caminho da mente.”

Assim como você desenvolve um músculo ao flexioná-lo além de suas habilidades naturais, você desenvolve unidade ao lutar contra a multiplicidade dos centros inferiores. O primeiro caminho faz isso através da luta contra o corpo físico, resistindo a seus impulsos, indo além de suas linhas vermelhas imaginárias, bem parecido com um atleta profissional. O segundo caminho faz isso através de sujeitar todas as emoções de um homem a uma emoção superior, tal como a fé. Você vê isso na vida monástica cristã. O terceiro faz isso através da disciplina da mente, forçando-a a ‘pensar’ ao invés de fantasiar, a concentrar, meditar. Você vê isso no Judaísmo.

Gurdjieff School - Chateau Prieure 01
Gurdjieff School - Chateau Prieure 02

[ALFRED ORAGE] ” Me foi dito para cavar, e como eu não tinha tido nenhum exercício real por anos, eu sofria tanto fisicamente que eu voltava ao meu quarto, uma espécie de cela, e literalmente chorava de fadiga. Ninguém, nem mesmo Gurdjieff, se aproximou de mim. Perguntei a mim mesmo, “É por isto que abandonei toda minha vida? Pelo menos eu tinha algo antes. Agora o que eu tenho?”. Quando estava no auge do desespero, sentindo que eu não podia seguir adiante, jurei fazer um esforço extra, e só então algo mudou em mim. Logo eu comecei a apreciar o trabalho pesado, e uma semana depois Gurdjieff veio até mim e disse, ‘Agora, Orage, acho que você cavou o suficiente. Vamos a uma cafeteria e beber um café.'”iv

Gurdjieff School - Chateau Prieure 03
Gurdjieff School - Chateau Prieure 04
Gurdjieff School - Institute Plaque
Gurdjieff School - Chateau Prieure 02
Gurdjieff School - Chateau Prieure 04
Gurdjieff School - Devas

Devas (Deuses)

Gurdjieff School - Churning Butter

Mulher Agitando Manteiga, por Jean-François Millet

Unidade Interior

[GURDJIEFF] “Unidade interna é obtida por meio da ‘fricção’, pela luta entre ‘sim’ e ‘não’ no homem. Se um homem vive sem luta interna, se tudo acontece nele sem oposição, se ele vai para onde quer que seja levado ou para onde o vento sopra, ele permanecerá tal como é.”i

Talvez o maior exemplo da luta entre ‘sim’ e ‘não’ venha do Mahabharata. A esta cena é dado foco central na interpretação Khmer do Hinduísmo e é tentador considerar que os membros dos Buscadores da Verdade de Gurdjieff possam ter visitado alguns de seus templos remanescentes, tal como Angkor Wat.

A ordem mundial Hindu dependia do equilíbrio entre bem e mal. Esse equilíbrio era periodicamente perturbado, colocando em risco a existência de todo o cosmos. Em uma dessas ocasiões míticas, quando o néctar da imortalidade foi perdido, Vishnu, o deus preservador, aconselhou os devas e asuras a agitarem o oceano leitoso. Eles deveriam usar a serpente gigante Vasuki como uma corda de agitação e o Monte Mandara como um poste de agitação.

Agitação era comum em lares de tempos antigos. Você agitava madeira para iniciar um fogo e agitava leite para fazer manteiga. A ideia de transformar algo por meio da agitação é, então, enraizada na natureza. Através do exato mesmo método, o ser humano poderia alcançar unidade interna e permanência: ao metodicamente irem contra sua fraqueza principal para proporcionar uma agitação interna.

[THOMAS DE HARTMANN] “Cada atividade no Trabalho mostrava claramente que a meta nunca era para resultados externos, mas para a luta interna. Por exemplo, certa vez o Sr Gurdjieff mandou todos prepararem a terra para a horta, mas depois ela foi abandonada.”iii

[GUDJIEFF] “Se uma luta inicia no homem, e particularmente se houver uma linha definida nesta luta, então, gradualmente, traços permanentes começam a formar por si mesmos, ele começa a ‘cristalizar’.”i

[THOMAS DE HARTMANN] “Em tais momentos de esforço sobre-humano, a pessoa tem de restringir a revolta interna que resulta da fadiga física. O que me ajudou foi olhar para mim mesmo como se do lado de fora, e rir.”iii

[GLADYS ALEXANDER] “[A vida no Château] era vivida numa atmosfera fervorosa de velocidade e tensão, de zelo e altas esperanças, perfurada por surtos de inércia e criticismo, de fricções vivazes e contendas prolixas. Era, de fato, um caldeirão desenhado para reduzir a seus valores intrínsecos os ingredientes que cozinhavam e ferviam dentro.”v

De um lado, os Ocidentais estavam se divertindo. De outro, no entanto – na parte de Gurdjieff – ele havia se colocado sob imensa pressão e responsabilidade. Fiel ao seu próprio ensinamento, ele incorpora a luta interna, indo contra conforto e facilidade, não poupando a si mesmo o menor esforço.

Está tudo nas costas de Gurdjieff. Ele deve entreter. Ele deve empregar. Ele deve lecionar. Ele deve encontrar meios de financiar. Ele deve manter cada projeto indo na direção correta e prevenir desvios. Vamos construir uma horta. Agora um banho turco. Agora vamos limpar uma área na floresta, e assim por diante. Na realidade, ele é como um cuidador no comando de um orfanato com dezenas de crianças, alternando a atenção delas de uma atividade para outra, não permitindo que caiam em um tédio destrutivo. Isso atinge o clímax com a visita à América.

Gurdjieff School - Devas

Devas (Deuses)

Gurdjieff School - Churning Butter

Mulher Agitando Manteiga, por Jean-François Millet

Gurdjieff School - Asuras

Asuras (Demons)

Gurdjieff School - Mount Mandara as Symbolic Rod

Monte Mandara como um poste simbólico de agitação

Gurdjieff School - Asuras

Asuras (Demônios)

Gurdjieff School - Mount Mandara as Symbolic Rod

Monte Mandara como um poste simbólico de agitação

Gurdjieff School in Carnegie Hall - Brochure 01

Folheto das Demonstrações de Gurdjieff no Carnegie Hall

A Escola de Gurdjieff Visita a América

 

Na primavera de 1924, Gurdjieff navega de Paris para a América com 35 pupilos-dançarinos, onde demonstrações públicas em Nova Iorque, Filadélfia, Boston e Chicago serão realizadas.

[THOMAS DE HARTMANN] “Nós estávamos todos muito felizes de irmos à América. Todos, eu mesmo incluído, sonhavam com as demonstrações triunfais e os grandes lucros tão indispensáveis ao Sr Gurdjieff para executar seus futuros planos.”iii

As demonstrações de Gurdjieff na América são os momentos mais amplamente publicizados em sua carreira. Repórteres foram convidados ao Instituto na França durante o verão de 1923 para testemunharem suas atividades, reportá-las na América e gerar interesse prévio à turnê.

Gurdjieff School in Carnegie Hall - Brochure 01
Gurdjieff School in Carnegie Hall - Brochure 02

Folheto das Demonstrações de Gurdjieff no Carnegie Hall

[THOMAS DE HARTMANN] “Na noite da demonstração o salão estava repleto de americanos muito elegantes. Haviam jornalistas e escritores convidados por Orage.”iii

[CHARLES NOTT] “Por um dia e meio os jornais de Nova Iorque deram uma boa quantidade de espaço para a demonstração. Um dos jornais de domingo dedicou duas páginas com imagens e legendas fantásticas… As demonstrações seguintes estavam cheias até a lotação.”iv

 

Este empreendimento é problemático. As danças sagradas da lendária Fraternidade Sarmoung, mantidas secretas por milhares de anos, estavam agora à mostra no Carnegie Hall. Podemos esperar que a audiência esteja em alguma posição de valorizar o que veem?

[THOMAS DE HARTMANN] “Conforme o tempo passou, havia menos e menos pessoas em nossa audiência e não tínhamos mais nenhuma perspectiva… A realidade [da nossa visita à América se tornou] misturada com dificuldades… Como sempre com o Sr Gurdjieff, o objetivo não era uma turnê triunfante, mas trabalho e esforço sobre nós mesmos todo dia em outras circunstâncias – as mais simples e humildes condições de vida e comida em um ambiente das possibilidades mais luxuosamente tentadoras.”iii

O desafio com a trajetória de Gurdjieff é que ela tem que continuar ascendendo. Cada novo projeto tem que ofuscar o anterior, justificando seu abandono. Qual ato, então, pode suceder as demonstrações triunfais na América?

Gurdjieff School in Carnegie Hall - Brochure 02

O Acidente de Carro de Gurdjieff

No verão de 1924, após retornar à França, Gurdjieff dirige sozinho de Paris para Fontainebleau e se envolve em um acidente de carro quase fatal.

Este será um momento fundamental para Gurdjieff, seus seguidores e para o Instituto. Haverá muito debate interno sobre isso ter sido auto-infligido ou, em outras palavras, suicida. Dadas suas muitas responsabilidades e as demandas extremas que ele estava colocando sobre si mesmo nos últimos anos, adormecer ao volante é certamente uma possibilidade mais simples. De qualquer forma, considerando a perpétua reinvenção de novos projetos às custas dos antigos abandonados, os desafios financeiros sem fim, nós, em retrospecto, não nos surpreendemos ao ver isso terminando em um acidente – embora ninguém esperasse que fosse tão literal…

[CHARLES NOTT] “A ambulância chegou. Gurdjieff foi trazido em uma maca, sua cabeça coberta de curativos; ele estava inconsciente, mas murmurou ‘Muitas pessoas, muitas pessoas’. Ele foi levado escada acima para seu quarto.”iv

[THOMAS DE HARTMANN] “Durante aquelas primeiras noites o Sr Gurdjieff ficou imóvel, completamente quieto e sem quaisquer sinais de consciência.”iii

[OLGA DE HARTMANN] “Não era possível para ele nem beber; nós apenas molhávamos seus lábios com um pano umedecido… Após o terceiro ou quarto dia, os médicos disseram que não havia perigo para sua vida… Finalmente, no sexto dia ele abriu os olhos. Ele chamou sua esposa e perguntou a ela, ‘Onde estou?'”iii

[CHARLES NOTT] “Que tal acidente pudesse acontecer com Gurdjieff foi um choque para nós; alguns pensavam que ele deveria ser invulnerável, livre da lei do acidente.”iv

Cuidado pela sua esposa e mãe, Gurdjieff tem uma recuperação lenta e dolorosa, contra as expectativas médicas.

[CHARLES NOTT] “Houve silêncio no Prieuré; nós falávamos em tons baixos; o sino da torre não mais tocava; não havia danças ou música na Casa de Estudos, e todos torciam com todo seu ser pela recuperação de Gurdjieff… Era como se a mola principal de uma grande máquina tivesse quebrado e a máquina estava funcionando em momentum. A força que movia nossas vidas se foi.”iv

[THOMAS DE HARTMANN] “O comportamento estranho do Sr Gurdjieff durou por muito tempo… Durante seu adoecimento estávamos por conta própria e tínhamos que depender de nós mesmos para cada decisão… Gradualmente se tornou óbvio que, embora seu corpo tenha sido gravemente ferido, por dentro ‘Georgivanch’ permanecia ‘Georgivanch’. Sua atuação tinha sido em parte para testar o quão longe éramos capazes de continuar seu Trabalho sem ele.”iii

 

Uma manhã corre o boato que Gurdjieff quer que todos se reúnam na Casa de Estudos…

[CHARLES NOTT] “Nós nos agrupamos em volta dele… Em uma voz calma ele começou a falar, às vezes em inglês, às vezes em russo. Ele disse que iria liquidar o Prieuré.”iv

[GURDJIEFF] “Dentro de dois dias, todos devem partir daqui, apenas meu próprio pessoal fica. Por muito tempo eu vivo pelos outros, agora eu começo a viver para mim mesmo. Tudo agora pára – danças, música, trabalho. Vocês todos devem ir.”iv

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FONTES

  1. Em Busca do Milagroso por Peter Deminaovich Ouspensky
  2. Visões de um Mundo Real World por George Ivanovich Gurdjieff
  3. Nossa Vida com o Sr. Gurdjieff por Thomas and Olga de Hartmann (tradução livre)
  4. Ensinamentos de Gurdjieff: Diário de um Estudante por Charles Stanley Nott (tradução livre)
  5. Gurdjieff: Contruindo um Novo Mundo por John Godolphin Bennett (tradução livre)
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Quarto Caminho

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